Na atualidade, é crescente o debate em redor da “Transparência” e da “Prestação de Contas” nas organizações de economia social em Portugal. Sendo conceitos tão relevantes na vida das organizações, importa refletirmos cada vez mais sobre as razões pelos quais devemos ser transparente e prestamos contas, para quem o fazemos e como o fazemos.
Nestas breves linhas, gostava de partilhar algumas ideias (em desenvolvimento) sobre as suas finalidades, os “para quês” das organizações enveredarem por processos de prestação de contas transparentes.
Para reforçarem a capacidade organizacional:
- Aumenta a possibilidade de identificarem sistematicamente, com as principais partes interessadas, forças, debilidades e oportunidades de melhoria
- Permite responderem pelo que fazem, alcançam e corrigem
- Gerir com maior eficiência e eficácia
Para obterem maior legitimidade:
- Possibilita a partilha da governação e o fortalecimento da confiança pública
- Recentrar a Missão e aumenta a corresponsabilidade com os beneficiários ou clientes
- Potencia a “voz” das organizações e do sector perante outros atores com poder
Para conseguirem maior apoio:
- Proporciona relações positivas estratégicas
- Pode contribuir para o aumento de financiamento e colaborações voluntárias
Para o fortalecimento do sector:
- Instala num território ou numa área de atividade a capacidade de responderem, pelo que são e fazem, enquanto sector ou subsector, de uma maneira renovada, inclusiva e efetiva.
- Produz informação consistente sobre questões do interesse comum
A necessidade das organizações de economia social (onde as mutualidades se inserem) de (re)pensarem lógicas de funcionamento e práticas gestionárias orientadas para uma maior transparência está assim na origem do projeto ‘Transparência nas Organizações de Economia Social Portuguesas’ promovido pela Área Transversal da Economia Social da Universidade Católica Portuguesa no Porto.
Este projeto procura contribuir para o reforço da eficiência e da eficácia destas organizações e desenvolveu, de forma crítica, colaborativa e com um caráter exploratório, um Mecanismo de Prestação de Contas transparente. Este mecanismo pretende ser útil, capaz de horizontalizar responsabilidades, de preenchimento simples, online e, preferencialmente, coletivo. Possibilita um autodiagnóstico organizacional sobre práticas de prestação de contas transparentes. Uma vez preenchido o Mecanismo e submetidas as respostas, a organização respondente terá automaticamente acesso a um relatório final onde constarão uma série de recomendações encaradas como oportunidades de melhoria. Mecanismos como este promovem uma cultura de transparência e prestação de contas mais inclusiva e construtiva que está alinhada com as metas e os objetivos das mutualidades. É necessário por isso, refletir conceitos e experimentar práticas, sobretudo, porque nos parecem ser impulsionadoras de novas utopias e descobertas.
Artigo de Dr. Filipe Pinto, Coordenador Adjunto da ATES – Área Transversal de Economia Social da Universidade Católica Portuguesa (Porto)