Portugal é o país da Europa Ocidental com a taxa de incidência mais elevada de cancro do colo do útero. Todos os anos são diagnosticados cerca de mil novos casos.
Quando diagnosticado precocemente, o cancro do colo do útero é um dos carcinomas com maior potencial de prevenção e cura, chegando a perto de 100%.
Mas, nem todos os casos são detetados na fase precoce. Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que em 2018 morreram 225 mulheres de tumor maligno do colo do útero, o que traduz uma subida de 7% face a 2017.
Uma realidade que, na próxima década, deverá ter uma transformação radical perante o objetivo de ser cumprido o compromisso estabelecido pela Organização Mundial de Saúde que definiu como meta a eliminação do cancro do colo do útero até 2030. Para a concretização do objetivo, Portugal fez uma forte aposta na vacinação.
Atualmente, mais de 90% das mulheres portuguesas até aos 27 anos estão vacinadas contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV). O recente alargamento da vacinação gratuita aos rapazes representa uma evolução importante para reduzir a incidência da infeção por HPV.
O cancro do colo do útero está associado a uma infeção persistente por um tipo de Papilomavírus Humano de alto risco, que não foi detetada e tratada precocemente.
A forma mais eficaz de combater o cancro passa, então, pela vacinação contra o HPV.
Paula Ambrósio, Ginecologista/ Obstetra no Lusíadas
“Fase inicial não tem sintomas”
CM: Quais os primeiros sintomas do cancro do colo do útero?
– A fase inicial não tem sintomas. É por isso importante a realização regular do rastreio. Quando se verifica a existência de cancro é frequente uma hemorragia genital fora do normal.
– Qual a importância de vacinar os rapazes?
– Nomeadamente por o vírus do Papiloma Humano ser responsável pela orofaringe (cancro da garganta) doença que está a aumentar bastante.
– Acredita que Portugal vai eliminar o cancro do colo do útero até 2030?
– Penso que sim. Portugal é exemplo com uma taxa de vacinação altíssima devido à inclusão da vacina no Plano Nacional de Vacinação, em 2008.
Vacina previne 97% dos casos de cancro do colo do útero
A forma mais eficaz de proteção contra o cancro do colo do útero é associar a vacinação ao rastreio. Em Portugal, a vacina monovalente tem potencial para prevenir 97% dos casos da doença.
As mulheres devem fazer o rastreio regularmente para despiste da doença. Não existe idade limite para a vacinação.
Fonte: cmjornal