São conhecidos os benefícios das águas termais em várias doenças, sobretudo as respiratórias e reumáticas, mas um estudo feito por investigadores das universidades da Beira Interior (UBI) e de Coimbra (UC) e com o apoio da rede Termas Centro, vem demonstrar a eficácia das águas termais do Centro de Portugal no tratamento de acne e outras doenças de pele.

Publicado em Novembro, na revista  Environmental  Geochemistry  and  Health, da Sociedade Internacional de Geoquímica e Saúde Ambiental, neste estudo os investigadores avaliaram os efeitos das águas de 16 estâncias da região Centro sobre seis estirpes de bactérias e fungos. O caso mais evidente de eficácia aconteceu perante a bactéria Cutibacterium acnes (associada a grande parte dos casos de acne), cujas águas analisadas fizeram diminuir o crescimento desta bactéria — as mais eficazes são as águas sulfúreas/bicarbonatadas sódicas, cujo crescimento da bactéria diminuiu entre 20% e 65%. Com a bactéria Staphylococcus epidermidis registou-se uma diminuição de 10 a 35% em quase todas as águas de base sulfúrea e/ou sódica. Em relação à bactéria Escherichia coli eo fungo Candida albicans, responsável pela infecção candidíase, muitas das águas tiveram impacto.

“As águas minerais naturais são procuradas para o tratamento ou suporte de doenças do foro dermatológico, como dermatites ou psoríase, entre outras. Em Portugal, a informação científica de suporte à sua aplicação clínica em doenças do foro dermatológico é escassa, quando comparada com outros países. Este estudo apresentou-se assim como uma proposta pioneira a nível nacional para investigar a bioactividade das águas minerais naturais portuguesas, validando a sua acção preventiva e/ou terapêutica”, contextualiza Ana Palmeira-de-Oliveira, coordenadora da investigação na UBI, citada em comunicado da rede Termas Centro.

Os tratamentos passam por imersões, duches, duches filiformes (cujo jacto tem grande pressão), exemplifica Adriano Barreto Ramos, coordenador da Termas Centro, ao PÚBLICO. “O desejável, para este tipo de tratamento, e faço esta referência de forma geral e genérica, é que cada um dure entre 14 e 21 dias, havendo estâncias que dividem este período em dois”, acrescenta.

Fonte: Jornal O Público

APM